antónio tabucchi (1943-2012)

há pessoas que quando morrem,(mesmo sem nos conhecermos)deixam em mim um sentimento parecido com a  perda de  um amigo. Li 5 ou 6 livros do Tabucchi sem nunca me ter deslumbrado, mas quando o ouvia acerca do que gostava, do que sentia, do seu amor a pessoa, ficava sempre com a ideia que podia ser meu amigo.Daqueles amigos que sem nos conhecermos nos queremos bem.
Fico assim, mais com o sentimento de perda de um amigo do que de um bom escritor.

Que é uma perda maior.

millôr fernandes (1924-2012)

obrigado millôr pelas gargalhadas que me deste.

a judicialização da política ou o vale tudo

a associação sindical dos juízes portugueses (ASJP) apresentou queixa na procuradoria contra 14 ex-ministros de Sócrates.
Esta queixa tem por base a suspeita que os ex-membros do governo utilizavam cartões de crédito para seu uso pessoal assim como de outras despesas sem justificação.
Não se trata portanto de uma denuncia anónima.
Este simples facto de deveria merecer da parte de todos os cidadãos o mais forte aplauso, está a ser fortemente criticado por algumas personagens que vêm nesta denuncia mais um ataque a Sócrates, falando-se na judicialização da politica, seja lá o que for que isto quer dizer.
O que eu pergunto a estes apoiante da criatura, é se não acham bem que um conjunto de cidadãos que suspeita de uso abusivo de dinheiros públicos deve ou não denuncia-los, se Sócrates ou outro governante qualquer, seja ele de que partido for, deve ser ou não denunciado e se for o caso, condenado.
Lê-se coisas tão interessantes como esta "ele já foi julgado pelo eleitorado" "o que se trata é de uma vingança dos juízes" "esta-se a criar um precedente que não se sabe como acabará" etc etc.
O que estas pessoas não dizem é que se acham ou não que quem é suspeito de desviar bens públicos em proveito próprio deve ser ou não julgado.
Ou os governantes podem roubar à vontade sem que sobre eles posso recair qualquer denuncia.
Ou será que nem todos são iguais perante a lei?
Pena é que esta denúncia é um caso isolado.
E mesmo que se questione a bondade desta denuncia por esta Associação o que não tenho dúvida é que ela vem moralizar a utilização dos dinheiros públicos.
Aos críticos desta denuncia há no entanto uma boa noticia com a demora das investigações e dos tribunais mesmo que tenha havido crime, ele por certo vai prescrever.
O habitual.

greve geral

hoje é dia de greve geral.
É dia de luta contra a miséria o desemprego e a desigualdade social.
É dia do exercício de um direito constitucional, por uma justiça mais digna por uma melhor distribuição da riqueza, pela construção de um futuro mais justo.
Lutar por melhores condições sociais não crime.
Viva a greve geral.

relvas e ervas daninhas

A noticia de que um empresário sem ligações com a imprensa teria comprado o diário i levou Miguel Relvas a pedir a um amigo comum um almoço com o empresário.
Nesse almoço o que o Relvas queria saber era muito simples. Se o novo proprietário iria atacar o Governo, que simpatias politicas tinha, e que estava disponível para ajudar no que fosse preciso
Tanta disponibilidade, tanta amizade, tanto desinteresse, tanta hipocrisia.

mais BPN

ontem num programa da TVI noticias conversavam Santana Lopes, Francisco Assis e Fernando Rosas, num programa que não recordo o nome. E se me tenho interrogado acerca da importância que podem ter os dois primeiros comentadores para o debate politico, percebi ontem, melhor, a razão porque a generalidade da imprensa insiste em que ouçamos os Santanas desta terra.
No caso BPN estavam Santana e Assis de acordo no essencial  invocando, vejam só, que era preciso pensar nos 1.500 trabalhadores do Banco. Fiquei assim a saber que quer Assis quer Santana acham que o Estado deve pagar todos estes milhões para garantir o emprego a 1500 trabalhadores. Quem diria.
O escândalo do Bpn é tão grande que até a Comissão Europeia diz em documento oficial que seria mais barato deixar falir o Bpn do que vende-lo ao Bic por 40M€ e isto depois do Estado ter gasto cerca de 5.440 MILHÕES de EUROS
O inquérito que recentemente foi aprovado na Assembleia da Republica ao BPN nada mais é, que outra cortina de fumo que se pretende lançar para que continuemos sem saber os verdadeiros  motivos que levaram o Governo PS a privatizar o Banco e o Governo do PSD a vende-lo ao desbarato aos Angolanos
Provavelmente nenhum dos partido quer que se saiba a verdadeira dimensão dos roubos e vigarices que ai foram cometidos pelos amigos de Cavaco e assim entregaram-no a um ex ministro de Cavaco, Mira Amaral.
Fica assim tudo em família. Porque se assim não fosse já o Ps na primeira Comissão de Inquérito teria denunciado os negócios feitos sob a bandeira do Banco
E se dúvidas houvesse sobre as verdadeiras intenções deste novo inquérito, basta ver a exigência dos partidos do Governo de que as conclusões,  só serão conhecidas depois de formalizada a venda ao Bic, impedindo assim a  anulação do negócio. A não ser evidentemente que para o anular o Estado tenha mais uma vez que indemnizar.
Mas para mim toda esta confusão com o Bpn tem um objectivo muito concreto. e que vai ser defendido "custe o que custar". Nunca se vai saber que negócios ruinosos foram praticados pela quadrilha que tomou de assalto o Banco.É que há demasiadas personalidades em jogo.

empresários de sucesso?

não é preciso recuar muitos meses para nos lembrarmos das entrevistas que dois empresários portugueses  - Paulo Maló e Carlos Saraiva,- davam nos principais meios de comunicação social. Desde as televisões aos diários, até a jornais regionais, eram figuras de 1º pagina como sendo dois empresários de muito sucesso, que  vindos do nada lá conseguiram à custa de "muito trabalho" tornarem-se muito ricos e serem um exemplo para o empreendorismo que caracteriza os portugueses.
Um deles até tinha uma coluna numa revista semanal a explicar como é que se deveria gerir de forma competente e rigorosa. Era "dono" de uma empresa que era a maior clínica do Mundo de implantologia com consultórios em Luanda, Casablanca, Londres, Macau ,Madrid, Shangai, Tóquio, Varsóvia, Telavive, New Gersey e S. Paulo, e com vontade segundo ele de continuar a expandir-se para outros Países e outros continentes.
Era o novo descobridor que a comunicação social tanto gosta de bajular (adoram milionários)
Porém, o homem esta na falência nunca foi rico como se dizia, e vai ter que fechar todos os consultórios menos o de Lisboa para pagar os juros da monstruosa divida que tem, e vai ter que vender os outros negócios que  um "empresário de sucesso tem que ter" -  vinhos cavalos -  e não vai poder pagar as dezenas de trabalhadores que enganou.

Carlos Saraiva outra vedeta da comunicação social. Basta procurar para se saber que pretendia abrir mais hotéis dos que os 11 que já tinha. Não olhava a meios para atingir os fins mesmo que tivesse que emprestar um avião para que Filipe Menezes fosse aos Açores, a arrogância era tanta que dizia que preferia pagar multas do que esperar por autorizações Camarárias. Raras eram as obras que não fossem embargadas e de repente.... não há dinheiro para pagar aos trabalhadores, que se manifestam contra os salários em atraso e há conhecimento de uma divida monstruosa que fica parcialmente resolvida com um acordo com a Banca que lhe fica com uma serie de hotéis que não tem capacidade para pagar. Fecha varias empresas, refugia-se temporariamente no Brasil e desaparece da comunicação social.
Entre as noticias, com entrevista, de novos investimentos e o desastre decorreram  apenas 3 meses.
Estes dois exemplos permitem fazer duas perguntas
Como pode a Banca ficar surpreendida com os níveis de endividamento destes empresários,  com os mecanismos de controlo, que existem do Banco de Portugal .
Como pode a imprensa elevar esta gente a empresários e dar-lhes colunas para nos ensinar como é.

8 de março

Humana fonte bela, 
repuxo de delícia entre as coisas, 
terna, suave água redonda, 
mulher nua: um dia, 
deixarei de te ver, 
e terás de ficar 
sem estes assombrados olhos meus, 
que completavam tua beleza plena, 
com a insaciável plenitude do seu olhar? 

(Estios; verdes frondas, 
águas entre as flores, 
luas alegres sobre o corpo, 
calor e amor, mulher nua!) 

Limite exacto da vida, 
perfeito continente, 
harmonia formada, único fim, 
definição real da beleza, 
mulher nua: um dia, 
quebrar-se-á a minha linha de homem, 
terei que difundir-me 
na natureza abstracta; 
não serei nada para ti, 
árvore universal de folhas perenes, 
concreta eternidade! 

Juan Ramón Jiménez, in “La Mujer Desnuda” 
Tradução de José Bento

fome nas escolas

de que massa são feitos estes nossos governantes, que estão mais preocupados em pagar as dividas aos amigos do que resolver o problema da fome em Portugal.
Que sociedade é esta, e que  escolas são estas que formam estes cidadãos?
Que responsabilidades temos nós?
Até quando vamos permitir que isto aconteça.