sábado, abril 27

swaps

Não há nada de extraordinário que uma empresa queira assegurar que a taxa de juro paga durante um determinado período de tempo não será alterada, e que faça um contrato com o seu Banco assegurando que não pagarão mais do que o que está estipulado.
Trata-se, parece-me, de uma acertada medida de gestão.
De acordo com alguma imprensa, tratava- se de um contrato de seguro contra a eventual subida da Euribor, que se reflectia imediatamente na taxa de juro.
Nos contratos de seguros tradicionais , pago um prémio, espera-se, em caso de sinistro, ser-se ressarcido do prejuízo.
Nestes contratos a esmagadora maioria das empresas era isso que esperava.
Se houvesse subida da taxa de juro as empresas não teriam que pagar mais pelos empréstimos bancários porque tinham adquirido um swap, e pago por isso.
Foi isto que as empresas contrataram. Basta ouvi-las.
Nada mais enganador, já que o que os Bancos lhes venderam não foi um seguro, foi uma aposta, o que quer dizer se as taxas subissem as empresas não teriam que pagar mas se as taxas descessem aí pagariam.
Ē ou não é extraordinário. As empresas pagariam sempre. Quer as taxas subissem ou descessem.
E os Bancos?
Os bancos ganhariam sempre, quer as taxas subissem ou descessem.
Para além disse sabe-se agora, foram condenados vários Bancos Europeus e Americanos por manipulação da libor o que quer dizer que os bancos ganhariam o dinheiro que quisessem e quando quisessem, bastando para isso, aumentar ou baixar as taxas de juro.
Isto é ganhariam sempre.
Que os bancos façam isto não me surpreende, surpreende-me sim que sejam autorizados a fazê-lo, e que que haja altos quadros das empresas públicas que não tenham percebido este mecanismo, que obriga agora o Estado a pagar cerca de 3mil milhões de € aos Bancos.
Deveriam ou não deveriam ser presos?

terça-feira, abril 23

miguel esteves cardoso

Leio quase sempre as crónicas do MEC no público, embora cada vez com menos interesse.
Mas o pior que pode acontecer ás crónicas do Miguel é quando vêem publicadas na mesma página do José Vítor Malheiros.
É nesse dia que lemos o que é importante, hoje, e o que é acessório, onde se faz uma análise séria dos problemas e onde se escreve como se tudo estivesse bem e querermos ser amigos de toda a gente.
E tudo na mesma página.
O que mais acentua o desconforto.
Hoje enquanto o Vítor Malheiros fala da "generosidade" de quem trabalha "sem receber" para o Estado, o Miguel fala do bom café que bebeu no starbucks.
São de facto preocupações muito diferentes.
Leiam.

quarta-feira, abril 17

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"Governar

Os garotos da rua resolveram brincar de governo, escolheram o presidente e pediram-lhe que governasse para o bem de todos.

- Pois não – aceitou Martim. – Daqui por diante vocês farão meus exercícios escolares e eu assino. Clóvis e mais dois de vocês formarão a minha segurança.
Januário será meu Ministro da Fazenda e pagará o meu lanche.

- Com que dinheiro? – atalhou Januário.

- Cada um de vocês contribuirá com um cruzeiro por dia para a caixinha do governo.

- E que é que nós lucramos com isso? – perguntaram em coro.

- Lucram a certeza de que têm um bom presidente. Eu separo as brigas, distribuo tarefas, trato de igual para igual com os professores. Vocês obedecem, democraticamente.

- Assim não vale. O presidente deve ser nosso servidor, ou pelo menos saber que todos somos iguais a ele. Queremos vantagens.

- Eu sou o presidente e não posso ser igual a vocês, que são presididos. Se exigirem coisas de mim, serão multados e perderão o direito de participar da minha comitiva nas festas. Pensam que ser presidente é moleza? Já estou sentindo como esse cargo é cheio de espinhos.

Foi deposto, e dissolvida a República."


Carlos Drummond de Andrade. Contos Plausíveis. Rio de Janeiro. Record, 1994.

segunda-feira, abril 15

ps

alguma coisa está muito mal no ps quando os seus militantes elegem com 24.843 votos, correspondentes a 96,53% da votação, António José Seguro, que foi reeleito líder do Partido.


quinta-feira, abril 11

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"O ministro em calções


Sua excelência o senhor ministro foi chamado ao quadro para resolver um exercício de aritmética relativamente simples. O professor tinha escrito:

Uma criança saiu de casa a correr e, quando deu 200 passos, o pai partiu no seu encalço. Enquanto o pai dá 3 passos, o filho dá 11 passos, porém 2 passos do pai valem 9 do filho. Quantos passos deverá dar o pai para alcançar o filho?

Caso bastante bicudo. Sua excelência o ministro coçou o cocuruto, moveu os pés nervosamente e esfregou a coxinha roliça por debaixo dos calções.

— Então?, interpelou-o o velho professor. Não sabe? Temos que dois passos do pai são iguais a nove passos do filho. Logo, um passo do pai é igual a… Escreva homem.

Sua excelência o ministro estava, porém, paralisado pela ignorância e por um certo nervoso miudinho. Voltou a coçar o cocuruto e outra vez a coxa. O rosto dele enruborescera e estava a ponto de fazer xixi nos calções.

— O cavalheiro sempre me saiu cá um totó.

Os outros meninos sorriram à admoestação do professor. Sua excelência o senhor ministro corou ainda mais e sentiu uma ou duas gotinhas de xixi escaparem-se para os calções. Baixou a cabeça e esperou humilhado pelo veredicto do mestre. Este aplicou-lhe duas reguadas em cada mão e mandou-o ficar a um canto da sala, voltado para a parede e com orelhas de burro.

Joaninha, uma menina de tranças, subiu ao estrado e resolveu rapidamente o exercício. A resposta certa era 240 passos.

Sua excelência o ministro chegou, nesse dia, atrasado para uma comunicação ao país."

Por M.J.Marmelo
http://teatro-anatomico.blogspot.pt/

segunda-feira, abril 8

o acórdão

ao contrário da euforia colectiva que por todo lado grassa, sou de opinião que o acórdão do Tribunal Constitucional, ficou aquém do que poderia ter decidido..
Não estou convencido da proclamada independência dos juízes.
Independentes eram julgarem as medidas propostas pelo governo só de acordo com a Constituição da Republica, sem mais nenhumas considerações sobre a crise em que o Pais vive.
É alias para situações como esta que a constituição deve ser mais respeitada.
Para evitar os abusos, de quem dela não gosta.

sábado, abril 6

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"Há meia década — ou menos —, estava uma prosa muito jovem deitada ao sol quando passou um poeta ambicioso e a levou para casa. Deu-lhe um banho de metáforas surpreendentemente sóbrias, lipoaspirou-lhe os adjectivos, os advérbios, a pontuação, as frases, vitaminou nomes pálidos, poliu modos verbais, instruiu-a em ritmos modernos, fotografou-a em poses potenciadoras da excitativa transparência dos sentidos e mostrou-a ao mundo. Ganhou fama e deitaram-se na cama. Entretanto, a fama caducou e ele é visto na rua a farejar prosas novas. Tem encontrado algumas, mas elas saltam-lhe à frente de navalha em riste dispostas a cortar-lhe a língua e outras partes."
http://iniciacaotedio.blogspot.pt/

esperar sentado

Os que pensam,como Seguro, que o Presidente deve demitir o Governo e assim convocar eleições antecipadas, pode esperar sentado.
Não há nada a esperar deste Presidente não ser banalidades e lugares comuns.
Estamos fartos de saber isto, e esperar do Presidente aquilo que ele não pode fazer, é desmobilizar o povo para lutar pelo derrube deste Governo.

ainda o TC.

Soubessem o PSD e o CDS o que sabem hoje, e os juízes que nomearam para o TC seriam de versão Relvas.
Para não correrem estes riscos.
Fica para a próxima, verão.

o tribunal constitucional

o que é extraordinário é que a frase “É a lei que tem de conformar-se à Constituição e não o contrário” dita pelo presidente do Tribunal Constitucional, Joaquim Sousa Ribeiro, esteja a ser repetida sem fim por toda a imprensa, como se de uma novidade se tratasse.
Mas não sabemos todos que é assim?

quinta-feira, abril 4

demissão de relvas

o homem não aguentou a pressão e demitiu-se.
A principal curiosidade é saber onde - das inúmeras empresas que beneficiou - vai agora trabalhar

dia 4 de Abril

Que encanto é o teu?

Amo-te muito, meu amor, e tanto
que, ao ter-te, amo-te mais, e mais ainda
depois de ter-te, meu amor. Não finda
com o próprio amor o amor do teu encanto.

Que encanto é o teu? Se continua enquanto
sofro a traição dos que, viscosos, prendem,
por uma paz da guerra a que se vendem,
a pura liberdade do meu canto,

um cântico da terra e do seu povo,
nesta invenção da humanidade inteira
que a cada instante há que inventar de novo,

tão quase é coisa ou sucessão que passa...
Que encanto é o teu? Deitado à tua beira,
sei que se rasga, eterno, o véu da Graça.

Jorge de Sena, in 'As Evidências'

o futuro

o que gostaria de ouvir do líder do PS, era quais as medidas tomadas por este governo, que seriam imediatamente revogadas com a sua chegada ao poder. A não ser assim fico com a ideia que esta moção é só para dar a ideia que o PS se opõe à política deste governo, para não perder o comboio dos descontentes.
Experimentem os jornalistas fazer esta pergunta a Seguro.

a moção de censura

estou cansado de ouvir o PS dizer, que este governo deve demitir-se porque falhou todas as metas a que se propôs.
E se não tivesse falhado?
E se o Governo cumprisse as metas que se propôs no desemprego,défice,crescimento, etc.
Deveria continuar?
Afinal o Governo deve ser despedido por incompetência ou porque não representa os interesses dos portugueses?

quarta-feira, abril 3

Os nossos migueis

O Miguel Relvas encontrou - para embaixador do impulso jovem- um homem exactamente à sua medida, que diz de si próprio "idealista revolucionário de Braga"
Demagogo, inculto e cheio de esperteza saloia.
Estão bem um para o outro.
Podia muito bem ser líder de uma daquelas igrejas brasileiras.
Mas é colaborador do Governo.