sábado, novembro 17

li...



um livro extraordinário de Sebastião Salgado, com 250 fotografias recolhidas em África nos últimos 30 anos.
O livro, da Taschen, "África” foi dividido em três partes e foi a sua mulher, Lélia, que o organizou.
A primeira parte retrata o Sul (Moçambique, Malawi, Zimbábue, África do Sul e Namíbia), a segunda, a região dos Grandes Lagos (Congo, Ruanda, Burundi, Uganda, Tanzânia e Quênia) e a terceira a região subsaariana (Burkina Faso, Mali, Sudão, Somália, Chad, Mauritânia, Senegal e Etiópia). O prefácio, quem o escreveu foi Mia Couto que escreve esta coisa extraordinária antecipando as fotos terríveis que se seguem.
"A justificação mais fácil é apontar o dedo ao passado, às heranças coloniais. Explicações sobre as razões da violência abundam:motivações étnicas, históricas, tribais. Na realidade, aqui se repete aquilo que é comum ao mundo: a habilidade das elites criminosas manipularem as pessoas e se servirem da vida alheia como simples meio de guardar poder e acumular riqueza. A especificidade africana é muitas vezes invocada pelos próprios africanos para legitimar o inconcebível. Alguns dos regimes africanos já não precisam de inimigos externos para desprestigiar o continente: melhor que ninguém eles atentam contra a dignidade e o bom nome de África"
Até que enfim que se fala sobre a fome em África, sem pedir o perdão da dívida, e sem responsabilizar o Ocidente pela miséria do Continente Africano. Como se os seus corruptos líderes nada tivessem a ver com isso.
Mas o livro!! o livro é de uma violência por vezes sufocante. E um retrato horrível da bestialidade humana, a mais devastadora doença africana do nosso tempo. Há imagens que não imaginava possíveis, imagens que reflectem uma tristeza insuportável de fome, de extermínio, de doença, de guerras, de massacres, de fuga. E mesmo no sorriso das crianças e nas belas mulheres africanas, Salgado consegue fotografar a tristeza, nas suas almas.
Só não são tristes as belas paisagens africanas do deserto, das tempestades, do pôr do sol, como se Salgado nos quisesse dizer que em África só a Natureza está em paz.
Nunca tinha lido nada tão bonito e trágico de África escrito em imagens. E em língua portuguesa.

3 comentários:

Anónimo disse...

que bonito que deve ser.
Aqui está uma boa sugestão para o Natal

Anónimo disse...

Bom artigo.
Vou comprar
Parabéns

Anónimo disse...
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