Ó musa indolente, qual a tua desculpa
P'ra esqueceres a verdade, tinta de beleza?
Do meu amor dependo a, beleza e a verdade,
Assim também tu, e nelas te dignificas.
Responde, musa, tu não dirás porventura,
Que à verdade não queiram dar cor, tem cor próprias ?
E à beleza não há pincel que dê cor pura ?
o melhor não será, melhor sem ter misturas?
Por não carecer de louvor, tu emudeces?
Não desculpeis o silêncio, pois está em ti
Fazer que sobreviva ao túmulo doirado
E receba louvores nos anos vindouros.
Faz o teu oficio, musa, que hei-de ensinar-te .
A mostrá-lo à distância como ele é agora.
Shakespeare
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