quarta-feira, setembro 21

A 
situação politica actual levanta-nos um conjunto de perplexidades que vale a pena reflectir.
Passos Coelho já não precisa de dar mais entrevistas para se saber quem é, e ao que vem.
Bastou o seu primeiro mês como primeiro ministro
Falho de inteligência e com ar de seminarista, sem ideias próprias, vai ser o porta voz, das forças mais conservadoras da Sociedade Portuguesa, dos que só vêm o Estado para satisfazer os seus interesses - vide BPN - e que seja implacável em reduzir a despesa em tudo o que é essencial à vida da maioria dos cidadãos.
Um governo que corte  nas despesas- não estou a falar do desperdício- em áreas que deveriam ser de investimento, como a cultura, a educação e a saúde é um Governo que não merece nenhum tipo de apoio de qualquer português esclarecido.
E não deixa também de ser curioso, que a classe mais privilegiada no pagamento de impostos são os primeiros a gritar que os impostos devem incidir sobre o trabalho.
Claro que sabem que se não for através  do aumento dos impostos sobre o trabalho terá que ser sobre o capital. E este governo, como o anterior tem essa questão resolvida. É sobre o trabalho.
E também não deixa de ser curioso que os apoiantes de Sócrates são hoje os que criticam Passos Coelho como se no essencial as suas politicas não fossem iguais.
Dizem: Passos Coelho disse uma coisa e fez outra.Só sabe aumentar impostos, Protege os ricos, quer acabar o  SNS   etc etc.
Exactamente o que diziam os críticos de Sócrates.
Em que residem então estas diferenças.
Se nas questões essênciais não há diferenças de fundo, só há diferenças nos protagonistas, que sendo diferentes não quer dizer que sejam melhores.
Do PS também não se pode esperar grande coisa, não só porque José Seguro não é capaz de ter uma ideia diferente do seu antecessor - apoia alias o programa da Troika -.Como não se tendo feito uma renovação e critica do PS ao anterior Governo, nada se vai alterar na substancia. Isto é, se nada se alterar no PS quando o PSD perder as eleições vamos ter as mesmas politicas, aplicadas não por Sócrates mas por Seguro.
Todos os quadros do PS que eram críticos do anterior Governo foram sendo progressivamente afastados e que agora vão reaparecendo para combater o novo Governo. Só não perceberam que os nomes dos partidos e dos seus protagonistas é o que menos interessa. Importante é a politica, e essa não é diferente da aplicada por Sócrates.
E tanto deve ser criticada a politica de Passos Coelho como deveria ter sido criticada a politica de Sócrates.
Quem não o fez no passado não tem legitimidade para o fazer no presente.
Do mesmo modo que quem criticou Sócrates não pode agora apoiar Passos Coelho.
Que diferença há entre quem cala o que se passa na Madeira hoje, e o silêncio  ensurdecedor que mereceu Jardim durante o mandato de Sócrates?
Que diferença há entre a nacionalização do BPN e a entrega do Banco à proposta mais baixa para a sua compra?
Que diferença há entre o aumento do Iva  e a desregulação completa do preço dos combustíveis?
Que diferença há entre as politicas para a Justiça de Sócrates e de Coelho?
O traço comum de todas estas medidas é que são sempre os mesmos a ter que suportar as despesas do Estado, mesmo que essas despesas não tenham sido feitas para o bem comum.
Resta-nos assim que da actual crise surjam novos protagonistas capazes de perceber que não se está a aplicar politicas que sirvam a maioria dos cidadãos e que inverta as prioridades, que invista na criação de emprego, nas politicas de educação, nas de cultura, e que faça sentir cada cidadão como parte deste País e não como o que trabalha para pagar dividas que não lhe pertencem.

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